Continuação das entrevistas...
Adriano de Oliveira
Coordenador Geral do site Cine Revista
www.cinerevista.com.br
1)O cinema em geral utiliza fontes cientificas para seus trabalhos?
Embora muitas vezes a Ciência seja base para roteiros de diversos filmes, o Cinema frequentemente não leva em conta o rigor das leis científicas, o que é compreensível por aquele ser uma arte. O gênero chamado “ficção científica” sintetiza essa simbiose: a história narrada é essencialmente uma ficção, onde raramente os fenômenos apresentados na mesma recebem uma interpretação embasada no conhecimento formal e consolidado; na maior parte das vezes, são tomadas liberdades artísticas e utilizadas interpretações fantasiosas quanto aos fenômenos físicos em questão. Isso, entanto, não impede que o Cinema antecipe futuras verdades da Ciência. Por exemplo, o curta-metragem de Georges Mèlies “Viagem à Lua” (1902) abordava uma equipe de astrônomos fazendo uma viagem espacial até nosso satélite natural. Em 1969, o imaginado por Mèlies aconteceu de fato.
2)Qual sua opinião sobre o cenário cinematográfico nacional atual?
Estamos vivendo um bom momento. Temos diretores, atores, roteiristas e técnicos bastante competentes, trabalhando aqui e fora do país também. O público em geral acha que falta um Oscar ao Brasil para nosso cinema ser considerado maduro. Isso não parece certo, ao menos em minha opinião: creio que já atingimos um bom grau de maturidade cinematográfica. Óbvio que ainda estamos distantes de ter a qualidade, a amplitude e a desenvoltura necessária para sermos considerados um grande polo de cinema em nível mundial, mas estamos firmes nesse caminho.
3)O diretor Marcos Jorge morou na Itália por alguns anos. Você acha que isso ajudou na direção dos filmes deles?
A Itália é pátria de grandes cineastas. Rossellini, Antonioni, Fellini, De Sica, Monicelli, entre outros tantos, são exemplos disso. Lá se gerou uma escola nacional de cinema, criou-se um autoralismo, a Cineccità foi uma referência. Hoje, permanece sendo um marco, abriga também um dos maiores festivais de cinema do mundo – Veneza. Morar lá e tomar contato com profissionais do cinema italiano sempre ajuda um cineasta, afinal ele está vivenciando um ambiente rico quanto à Sétima Arte. Mas a sua identidade artística é um processo longo e em permanente construção, lembremos disso.
4)Qual a sua opinião sobre o trabalho do diretor Marcos Jorge?
O Marcos tem apenas um trabalho até o momento em longas-metragens: foi roteirista e diretor de “Estômago”, e o importante não é quantidade, mas sim, qualidade. Achei uma excelente estreia e o início de uma carreira promissora.
5)Quais são as expectativas para o filme O Céu do dia em que nascemos?
Acredito que será um filme mais voltado para a busca de uma identidade pessoal, e diverso de “Estômago”. O confronto entre a mente treinada para uma visão objetiva, física, do mundo e um choque de realidade capaz de trazer uma reviravolta espiritual no homem que a possui, não é fato novo. O brasileiro “O Maior Amor do Mundo” de Cacá Diegues e o atualmente em cartaz “Presságio” de Alex Proyas, somente para citar esses dois, fizeram isso - cada qual ao seu modo. Do filme de Jorge, espero um tom mais filosófico nessa abordagem.
6)Por que filmes como Star Wars, Star Trek, etc fazem/fizeram tanto sucesso?
Notadamente, o Cosmos mexe com a curiosidade das pessoas. Filmes que falam sobre o Espaço, ou o usam como pano de fundo, sempre terão um público fiel e garantido. Star Wars adaptou o universo do faroeste e dos samurais, de modo estilizado, ao espaço sideral – uma receita de sucesso. Star Trek começou na TV, já com uma legião de seguidores, e seu êxito nas telas dos cinemas foi inevitável, ainda que considere como maior fator de trunfo dessa série a sua abordagem dos fatos que cercam a Enterprise em sua jornada por uma visão francamente humana, gerando uma identidade imediata com o espectador. É porque o Universo nos fascina que filmes tão diferentes entre si – da filosofia e o intelectualismo de “2001” e “Solaris” à emoção de “Armageddon” e “K-Pax”, do terror de “Alien – O Oitavo Passageiro” à contemplação inquieta de “Contato”, do pacifismo de “O Dia em que a Terra Parou” à aventura de “A Batalha de Riddick” – mostram que Cinema e Cosmos fazem uma excelente parceria.
Coordenador Geral do site Cine Revista
www.cinerevista.com.br
1)O cinema em geral utiliza fontes cientificas para seus trabalhos?
Embora muitas vezes a Ciência seja base para roteiros de diversos filmes, o Cinema frequentemente não leva em conta o rigor das leis científicas, o que é compreensível por aquele ser uma arte. O gênero chamado “ficção científica” sintetiza essa simbiose: a história narrada é essencialmente uma ficção, onde raramente os fenômenos apresentados na mesma recebem uma interpretação embasada no conhecimento formal e consolidado; na maior parte das vezes, são tomadas liberdades artísticas e utilizadas interpretações fantasiosas quanto aos fenômenos físicos em questão. Isso, entanto, não impede que o Cinema antecipe futuras verdades da Ciência. Por exemplo, o curta-metragem de Georges Mèlies “Viagem à Lua” (1902) abordava uma equipe de astrônomos fazendo uma viagem espacial até nosso satélite natural. Em 1969, o imaginado por Mèlies aconteceu de fato.
2)Qual sua opinião sobre o cenário cinematográfico nacional atual?
Estamos vivendo um bom momento. Temos diretores, atores, roteiristas e técnicos bastante competentes, trabalhando aqui e fora do país também. O público em geral acha que falta um Oscar ao Brasil para nosso cinema ser considerado maduro. Isso não parece certo, ao menos em minha opinião: creio que já atingimos um bom grau de maturidade cinematográfica. Óbvio que ainda estamos distantes de ter a qualidade, a amplitude e a desenvoltura necessária para sermos considerados um grande polo de cinema em nível mundial, mas estamos firmes nesse caminho.
3)O diretor Marcos Jorge morou na Itália por alguns anos. Você acha que isso ajudou na direção dos filmes deles?
A Itália é pátria de grandes cineastas. Rossellini, Antonioni, Fellini, De Sica, Monicelli, entre outros tantos, são exemplos disso. Lá se gerou uma escola nacional de cinema, criou-se um autoralismo, a Cineccità foi uma referência. Hoje, permanece sendo um marco, abriga também um dos maiores festivais de cinema do mundo – Veneza. Morar lá e tomar contato com profissionais do cinema italiano sempre ajuda um cineasta, afinal ele está vivenciando um ambiente rico quanto à Sétima Arte. Mas a sua identidade artística é um processo longo e em permanente construção, lembremos disso.
4)Qual a sua opinião sobre o trabalho do diretor Marcos Jorge?
O Marcos tem apenas um trabalho até o momento em longas-metragens: foi roteirista e diretor de “Estômago”, e o importante não é quantidade, mas sim, qualidade. Achei uma excelente estreia e o início de uma carreira promissora.
5)Quais são as expectativas para o filme O Céu do dia em que nascemos?
Acredito que será um filme mais voltado para a busca de uma identidade pessoal, e diverso de “Estômago”. O confronto entre a mente treinada para uma visão objetiva, física, do mundo e um choque de realidade capaz de trazer uma reviravolta espiritual no homem que a possui, não é fato novo. O brasileiro “O Maior Amor do Mundo” de Cacá Diegues e o atualmente em cartaz “Presságio” de Alex Proyas, somente para citar esses dois, fizeram isso - cada qual ao seu modo. Do filme de Jorge, espero um tom mais filosófico nessa abordagem.
6)Por que filmes como Star Wars, Star Trek, etc fazem/fizeram tanto sucesso?
Notadamente, o Cosmos mexe com a curiosidade das pessoas. Filmes que falam sobre o Espaço, ou o usam como pano de fundo, sempre terão um público fiel e garantido. Star Wars adaptou o universo do faroeste e dos samurais, de modo estilizado, ao espaço sideral – uma receita de sucesso. Star Trek começou na TV, já com uma legião de seguidores, e seu êxito nas telas dos cinemas foi inevitável, ainda que considere como maior fator de trunfo dessa série a sua abordagem dos fatos que cercam a Enterprise em sua jornada por uma visão francamente humana, gerando uma identidade imediata com o espectador. É porque o Universo nos fascina que filmes tão diferentes entre si – da filosofia e o intelectualismo de “2001” e “Solaris” à emoção de “Armageddon” e “K-Pax”, do terror de “Alien – O Oitavo Passageiro” à contemplação inquieta de “Contato”, do pacifismo de “O Dia em que a Terra Parou” à aventura de “A Batalha de Riddick” – mostram que Cinema e Cosmos fazem uma excelente parceria.
Misael Lima
Associação de Críticos de Cinema do RS - ACCIRS
www.menteincoerente.blogspot.com
1)O cinema em geral utiliza fontes cientificas para seus trabalhos?
A maior parte dos cineastas procura sim uma consultoria especializada(nao importa o tema). Claro que isso demanda dinheiro e disponibilidade, o que no caso do Brasil é complicado, justamente porque nossos filmes tem basicamente baixo orçamento. Nos EUA, essa realidade é bem diferente. Como os filmes são patrocinados por estúdios, eles ou tem um consultor, ou tem capacidade para bancar um. Mas, nem por isso, significa que 100% dessas informações são verdadeiras.
2)Qual sua opinião sobre o cenário cinematográfico nacional atual?
O cenário brasileiro está em um processo de ebulição. As produções mais recentes apresentam uma qualidade única, como há muito tempo não se via. Nomes de cineastas brasileiros estão em alta novamente, como Fernando Meirelles, Walter Salles e José Padilha. Esse é o momento exato para investir em produções nacionais, mas o problema ainda é a terrível falta de incentivo do governo e a falta de produtoras independentes. O crescimento da Globo filmes e outras como a PAX(de José Wilker) podem abrir caminho para tantas outras. Mesmo assim, com essas produtoras, o cinema autoral pode perder espaço e ceder ao lucro fácil, o que é uma tremenda armadilha.
3)O diretor Marcos Jorge morou na Itália por alguns anos. Você acha que isso ajudou na direção dos filmes deles?
A vivência de Marcos Jorge foi fundamental para a composição de seu maior filme até o momento: Estômago. Ele venceu diversos prêmios internacionais, nacionais e mais recentemente o oscar brasileiro, Grande Prêmio do cinema. Estômago tem a cultura italiana e influência dos diretores do país, tudo isso muito visível. Mesmo a atuação dos personagens lembra muito os personagens caricatos que marcaram época por lá.
4)Qual a sua opinião sobre o trabalho do diretor Marcos Jorge?
Como comentei, Marcos Jorge foi um dos diretores que galgou seu caminho pelos cantos. Até semana passada, pode ter certeza que poucas pessoas conheciam o trabalho do diretor. Uma vergonha saber que apenas 88 mil brasileiros assistiram esse que é sua obra-prima(eu me incluo nesse pequeno grupo). Com esse prêmio espera-se que o governo e a mídia do nosso país tenham um pouco mais de respeito e deem mais destaque ao seu trabalho.
5)Quais são as expectativas para o filme O Céu do dia em que nascemos?
Depois dessa premiação e com todas as consequências boas que isso traz, a cobrança vai aumentar. Se ele já realizou um ótimo filme com pouco destaque, espero no mínimo um ótimo filme e muito mais alarde. É sempre bom curtir histórias originais, nesse mercado que tanto peca por sua falta.
6)Por que filmes como Star Wars, Star Trek, etc fazem/fizeram tanto sucesso?
Esses filmes mexem com o imaginário de toda uma geração. Explorar as estrelas, o desconhecido é sempre garantia de ótimos frutos. Além do mais, as leis que aplicam-se ao nosso mundo não se aplicam a esses outros. viver nessa realidade e ser predestinado há algo melhor é o que todos queremos e esses filmes fornecem esse escape. Por isso e por toda a capacidade técnica empregada, é que esses seriados e séries de cinema continuam( e vão continuar) fascinando gerações até o fim dos tempos.
Associação de Críticos de Cinema do RS - ACCIRS
www.menteincoerente.blogspot.com
1)O cinema em geral utiliza fontes cientificas para seus trabalhos?
A maior parte dos cineastas procura sim uma consultoria especializada(nao importa o tema). Claro que isso demanda dinheiro e disponibilidade, o que no caso do Brasil é complicado, justamente porque nossos filmes tem basicamente baixo orçamento. Nos EUA, essa realidade é bem diferente. Como os filmes são patrocinados por estúdios, eles ou tem um consultor, ou tem capacidade para bancar um. Mas, nem por isso, significa que 100% dessas informações são verdadeiras.
2)Qual sua opinião sobre o cenário cinematográfico nacional atual?
O cenário brasileiro está em um processo de ebulição. As produções mais recentes apresentam uma qualidade única, como há muito tempo não se via. Nomes de cineastas brasileiros estão em alta novamente, como Fernando Meirelles, Walter Salles e José Padilha. Esse é o momento exato para investir em produções nacionais, mas o problema ainda é a terrível falta de incentivo do governo e a falta de produtoras independentes. O crescimento da Globo filmes e outras como a PAX(de José Wilker) podem abrir caminho para tantas outras. Mesmo assim, com essas produtoras, o cinema autoral pode perder espaço e ceder ao lucro fácil, o que é uma tremenda armadilha.
3)O diretor Marcos Jorge morou na Itália por alguns anos. Você acha que isso ajudou na direção dos filmes deles?
A vivência de Marcos Jorge foi fundamental para a composição de seu maior filme até o momento: Estômago. Ele venceu diversos prêmios internacionais, nacionais e mais recentemente o oscar brasileiro, Grande Prêmio do cinema. Estômago tem a cultura italiana e influência dos diretores do país, tudo isso muito visível. Mesmo a atuação dos personagens lembra muito os personagens caricatos que marcaram época por lá.
4)Qual a sua opinião sobre o trabalho do diretor Marcos Jorge?
Como comentei, Marcos Jorge foi um dos diretores que galgou seu caminho pelos cantos. Até semana passada, pode ter certeza que poucas pessoas conheciam o trabalho do diretor. Uma vergonha saber que apenas 88 mil brasileiros assistiram esse que é sua obra-prima(eu me incluo nesse pequeno grupo). Com esse prêmio espera-se que o governo e a mídia do nosso país tenham um pouco mais de respeito e deem mais destaque ao seu trabalho.
5)Quais são as expectativas para o filme O Céu do dia em que nascemos?
Depois dessa premiação e com todas as consequências boas que isso traz, a cobrança vai aumentar. Se ele já realizou um ótimo filme com pouco destaque, espero no mínimo um ótimo filme e muito mais alarde. É sempre bom curtir histórias originais, nesse mercado que tanto peca por sua falta.
6)Por que filmes como Star Wars, Star Trek, etc fazem/fizeram tanto sucesso?
Esses filmes mexem com o imaginário de toda uma geração. Explorar as estrelas, o desconhecido é sempre garantia de ótimos frutos. Além do mais, as leis que aplicam-se ao nosso mundo não se aplicam a esses outros. viver nessa realidade e ser predestinado há algo melhor é o que todos queremos e esses filmes fornecem esse escape. Por isso e por toda a capacidade técnica empregada, é que esses seriados e séries de cinema continuam( e vão continuar) fascinando gerações até o fim dos tempos.
Almir Antônio Rosa
Professor da USP no Departamento de Cinema, Rádio e Televisão
1)O cinema em geral utiliza fontes cientificas para seus trabalhos?
Sim, o cinema sempre usou fontes científicas para roteirizar filmes. Sejam através de filmes de ficção científica, seja através de conhecimentos científicos para embasar a construção de um personagem.
2)Qual sua opinião sobre o cenário cinematográfico nacional atual?
O Brasil vive um momento muito bom em sua história cinematográfica. Temos muitos bons filmes sendo feitos. E, mais do que bons filmes, temos filmes sendo feitos; o que já é, em si, uma boa notícia, uma vez que vivemos momentos em que filmes não eram feitos, sejam bons ou ruins. Há uma "onda" que tomou conta da cinematografia brasileira desde a considerada "retomada", que nos proporcinou a continuidade da produção.
3)O diretor Marcos Jorge morou na Itália por alguns anos. Você acha que isso ajudou na direção dos filmes deles?
Não responderei esta pergunta falando especificamente de um diretor. O que acho é que todo diretor é influenciado por sua formação, seja ela feita no Brasil ou no exterior. E não falo apenas da formação acadêmica, stricto sensu, mas também da formação atuando no mercado profissional.
4)Por que filmes como Star Wars, Star Trek, etc fazem/fizeram tanto sucesso?
Por um lado, são filmes bem feitos, com uma produção impecável e disponibilidade de recursos financeiros. Por outro, são filmes que tratam de arquétipos do ser humano, que buscam trabalhar a questão dos arquétipos dentro de um universo específico. Parafraseando Jung, lindam com conteúdo do inconsciente coletivo que é compartilhado por toda a humanidade.
Professor da USP no Departamento de Cinema, Rádio e Televisão
1)O cinema em geral utiliza fontes cientificas para seus trabalhos?
Sim, o cinema sempre usou fontes científicas para roteirizar filmes. Sejam através de filmes de ficção científica, seja através de conhecimentos científicos para embasar a construção de um personagem.
2)Qual sua opinião sobre o cenário cinematográfico nacional atual?
O Brasil vive um momento muito bom em sua história cinematográfica. Temos muitos bons filmes sendo feitos. E, mais do que bons filmes, temos filmes sendo feitos; o que já é, em si, uma boa notícia, uma vez que vivemos momentos em que filmes não eram feitos, sejam bons ou ruins. Há uma "onda" que tomou conta da cinematografia brasileira desde a considerada "retomada", que nos proporcinou a continuidade da produção.
3)O diretor Marcos Jorge morou na Itália por alguns anos. Você acha que isso ajudou na direção dos filmes deles?
Não responderei esta pergunta falando especificamente de um diretor. O que acho é que todo diretor é influenciado por sua formação, seja ela feita no Brasil ou no exterior. E não falo apenas da formação acadêmica, stricto sensu, mas também da formação atuando no mercado profissional.
4)Por que filmes como Star Wars, Star Trek, etc fazem/fizeram tanto sucesso?
Por um lado, são filmes bem feitos, com uma produção impecável e disponibilidade de recursos financeiros. Por outro, são filmes que tratam de arquétipos do ser humano, que buscam trabalhar a questão dos arquétipos dentro de um universo específico. Parafraseando Jung, lindam com conteúdo do inconsciente coletivo que é compartilhado por toda a humanidade.
Por Natália Marques
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